Existem dias em que carrego uma certeza no coração: as pessoas acreditam que sou cadeirante por opção. Sim, eu creio nisso e essa certeza se confirma todas as vezes em que meus direitos são ignorados. Dá pra imaginar qual é a frequência desse sentimento, né? Mas, ao contrário do que alguns espiritualizados possam imaginar, eu não escolhi essa vida. É sério, se pudesse teria outra. Quem acha legal viver com uma doença que te impede de trabalhar? Ou ficar sentada horas em uma cadeira sentindo seu corpo se ferir? Se existe alguém assim, por favor, não me apresentem. Sei que não dá pra mudar essa realidade, infelizmente. Nesse caso, bora viver? Até aí, podemos levar. A gente engole uma tristeza aqui, adquire força ali, chora alguns dias pra desabafar, respira para não enlouquecer, ri dos absurdos, tira sarro das limitações e os dias vão passando. Não é que a gente ignora, apenas resolvemos viver. Isso mesmo. Por pior que seja nossa deficiência, acredite em mim: queremos viver! E